Cacatuas

Uma indústria se movimenta em torno das Cacatuas. Há tipos para todos os gostos. Vamos conhecê-las?
Muito ativa, imitadora da fala humana, capaz de acrobacias e de se afeiçoas às pessoas, além de elegante e vistosa, esta ave vem conquistando espaço como companheira de estimação.
Na Europa e especialmente nos EUA, onde é reproduzida em cativeiro há anos, já se tornou bem popular, sendo os norte-americanos um dos maiores exportadores. Nestes países, há brinquedos e gaiolonas sofisticadas especialmente fabricados para ela, diversas publicações e vídeos sobre sua criação, como os que ensinam a amansá-la e a fazer truques: andar de patins, pegar objetos etc. Seu preço não é nada em conta. Dependendo da espécie, pode variar de mil a 20 mil reais. É criada na mão desde filhote para facilitar suas habilidades de ave de estimação, sendo este um dos motivos do seu alto preço.
No Brasil, o fenômeno Cacatua ainda não decolou. A reprodução é obtida apenas por alguns criadores e zoológicos. As disponíveis nas lojas comumente são importadas. Muitas delas vêm de criadouros estrangeiros, onde se procria a maioria das espécies. As pegas na natureza (Indonésia e Austrália) são controladas por legislação protecionista.


CRISTA


O nome Cacatua vem do malaio Kakatua, que significa Papagaio Grande (em inglês, Cockatoo), pois o porte dela pode atingir de 30 a 70 cm de comprimento. A maior parte das espécies possui uma charmosa crista (de tamanho, cor e forma específicas), que é erguida ou abaixada quando a ave está excitada ou alarmada. Em algumas, a plumagem é especialmente vistosa.
Devido ao porte relativamente grande, exige espaço em gaiolões individuais para ficar dentro de casa ou viveiro maior para reprodução (veja Ficha). No entanto, como é bastante ativa, se criada em espaço reduzido, necessita entretenimento e constante ocupação. Do contrário, pode desenvolver vícios como o de gritar alto, de destruir com o bico tudo ao redor e até de arrancar as próprias penas. A solução é mantê-la ocupada com coisas para bicar e mastigar: poleiros e brinquedos de madeira ou os importados próprios para ela; ossos de couro de boi para cães e alimentos de "difícil acesso", como nozes, sementes, castanhas, vagens etc. Por causa de tal comportamento de sua monogamia, aconselha-se, de preferência, manter um casal. Se for mais de um par, devem ser mantidos distantes, pois costumam se agredir causando ferimentos e até morte.
Existem algumas variações de comportamento entre espécies, que merecem atenção pois influem diretamente na criação. Há, por exemplo, as que têm mais facilidade em aprender a falar, as bem barulhentas e as que se apegam tanto ao dono que não admitem ser manipuladas por outras pessoas (veja Ficha).


HABITAT


O bico dessa ave é bem forte e geralmente pesado, permitindo comer todo o tipo de castanhas, grãos, sementes, além de folhas, flores, frutas e insetos e suas larvas.
Algumas espécies se alimentam exclusivamente nas árvores e outras também no chão. Em seu habitat, pode ser encontrada aos pares na época da reprodução e, fora dela, em bandos pequenos ou grandes, de centenas de exemplares, à procura de alimento. Faz seu ninho nos ocos das árvores. Como adora água, costuma sair batendo as asas durante a chuva ou esvoaçar entre a folhagem molhada depois da tempestade. É geralmente bem ruidosa - emite um peculiar silvo quando contente ou ameaçada.
Pode viver muito. Se tratada com os devidos cuidados chega a durar de 40 a 80 anos. Por isso, antes de comprar, lembre-se que a escolhida poderá passar o resto da vida em sua companhia.

ESPÉCIES

São 5 gêneros que totalizam 17 espécies e mais 15 subespécies (base: Parrots of the World. ed. 1981):
1) Gênero Cacatua Calyptorhynchus, chamadas Cactuas Pretas: espécies Black (C. funereus) de 67 cm: Red-tailed (C.magnificus) de 60 cm e Glossy (C.lathami) de 48 cm; 2) Cacatua Cacatua conhecidas como Cacatuas Brancas: Major Mitchell (C.leadbeateri) de 35 cm, corpo rosa claro, asas brancas e crista branca, vermelha e amarela; Lesser Sulphurcrested ( C.sulphurea) de 33 cm, plumagem branca com crista amarela, curvada para frente; Sulphur-crested (C. galerita) de 50cm, parecida com a C.sulphurea na plumagem e na crista; a Blue-eyed (C.ophtalmica) de 50 cm, semelhante à C.galerita, mas com crista amarela voltada para trás e anel azul ao redor dos olhos; Salmon-crested (C. moluccensis) de 52 cm, corpo rosa claro e salmão e crista pink; a White (C.alba) de 46cm, corpo e crista brancos; e as de menor porte com cristas e bicos reduzidos - Red-vented (C.haematuropygia) de 31 cm; Goffin’s) de 32; Little Corella (C.sanguinea) de 38; Long-billed (C.tenuirostris) de 38 e a Ducorps (C.ducorpsii) com 31;
3) Cacatua Probosciger: Palm (P.aterrimus) de 60cm, plumagem preta-azulada, bochecas nuas e vermelhas, bico grande; 4) Cacatua Callocephalon, Gang-Gang (C.fimbriatum) de 34 cm, plumagem cinza, o macho com crista vermelha, de penas filamentosas, curvadas para frente e 5) Cacatua Eolophus: Galah (E.roseicapillus) de 35 cm, crista e parte da cabeça rosa-clara, corpo pink e asas cinzas. Há 15 subespécies com pequenas variações na crista, porte, bico etc.


FICHA

Compra: com cerca de 3 meses para que se acostume melhor com você e aprenda mais fácil a falar.
Comportamento: C.Galerita - se dá com gente, fala bem, tem voz clara, aprende truques. C.Sulphurea - muito apegado ao dono, evita outras pessoas, dócil, tímida, ideal para lar calmo. C.moluccensis - barulhenta, fala bem com voz rouca, adora roer, se dá bem com pessoas. E.roseicapillus - fácil de manter, fala bem, adora roer. (dicas de Glória Allen).
Alimentação: diária, por ave, 150 a 200g de mistura - composta de girassol (10%), milho verde cru (40%) e grãos (50%) submetidos a 24 horas de molho e fervidos por 10 minutos, deixando escorrer a água (trigo, cevada, aveia, arroz com casca, cevada, sorgo, centeio, feijão, ervilha, soja) mais 150 a 200g de frutas com casca, verduras com o talo (excluir alface que dá diarréia) e legumes, tudo picado. Varie 3 itens de cada (grãos, frutas, verduras e legumes). Acrescente ração industrializada canina (20g), 3 vezes por semana e, na procriação, semente e grão germinados, que têm mais vitaminas).
Instalação: Gaiola grande evita o excesso de "roídas". Interna - gaiolão individual (60cm de profundidade x 60 de largura x 60 de altura, no mínimo) ou viveiro (120 x 60 x 60 cm) com fio 14 e malha espaçada em 2,5cm. Externa - viveiro sem vigamento de madeira (roem), chão de cimento um pouco inclinado, com 7,2 x 1,8 x 2,4 m no mínimo (Stan Sindel e Robert Lynn) ou 3,5 x 2 x 2,50 m (zoológico de São Paulo). Para reprodução - viveiro de 3 x 1,2 x 1,2m, erguido a 1,20 m com apoio de ferro ou concreto. Fechado dos 6 lados com tela igual, formando um ambiente no fundo, fechado por folhas de zinco que avançam 1 metro pelas laterais e coberto por telhas de barro, com a frente para o Norte para pegar sol matinal. Poleiros de galho, ásperos e redondos com 2 a 6 cm de diâmetro. Comedouro e bebedouro de cerâmica esmaltada ou aço inox, instalados a 1 metro do chão.
Reprodução: com 4 a 5 anos. Bota de 2 a 5 ovos que incuba por cerca de 30 dias. O macho ajuda a chocar e alimentar os filhotes. Estes comem sozinhos a partir dos 4 meses, em média. Para amansar separe dos pais com 15 a 25 dias e alimente na mão a cada 2 horas. Ninho externo de caixa de madeira dura, como eucalipto, de 60 x 60 x 60cm (zoológico de São Paulo). Ou de 1 m x 30 x 30cm ou interno, de tronco oco de árvore com cerca de 1 m x 30 cm de diâmetro, vertical, parcialmente inclinado, com entrada no topo (Stan Sindel e Robert Lunn). Entrada sempre de 30 cm. O casal pica lascas de madeira e forra o ninho.
Saúde: manter instalações limpas. Propensão a doenças respiratórias. Evite correntes de ar.