Lorys

Pássaros ágeis de cores berrantes. Um observador mais desavisado definiria um Lory como um Papagaio mais colorido e agitado, ou como um Periquito exótico. Estaria enganado. Apesar das semelhanças com Papagaios e Periquitos, o Lory tem um jeito todo próprio de ser, e outros encantos para agradar ao criador.

A língua é em forma de brocha ou escova, mais comprida que o normal. O bico, embora frágil, é bem afiado. São ativos, "elétricos", gostam de voar e vivem na copa das árvores, e raramente descem ao solo. Características como estas, além da viva coloração da plumagem, colocaram os Lorys numa subfamília zoológica especial, chamada Loriidae, dentro da família dos Psitacídeos. É que, apesar do porte físico bastante parecido com os outros membros da família, como os Papagaios e Periquitos, os Lorys têm hábitos e caracteres muito particulares.
No seu habitat natural, que compreende toda a região da Oceania, alimentam-se de pólen das plantas. São encontrados tanto nas pequenas ilhas como em territórios maiores, como Austrália, Nova Guiné e Ilha do Bornéo, onde os bandos fazem pequenas viagens acompanhando a florada das árvores.
A subfamília Loriidae conta com 10 gêneros diferentes, subdivididos em cerca de 60 espécies. As subespécies são inúmeras. Basta dizer que só numa das espécies do Gênero Trichoglossus, registram-se 25 subespécies. Os memores Lorys conhecidos pertencem ao gênero Vini (alguns não passam de 19 cm), enquanto a variedade Negro, do gênero Chalcopsita atinge os 32 cm.
Começaram a ser criados em cativeiro no final do século XIX, na Europa. Carlos Keller, proprietário de uma das grandes coleções do Brasil, com sessenta exemplares de 25 variedades, em Pirassununga, SP, mostra-se otimista com a situação do Lory no país. Segundo ele, o pássaro começou a ser mais difundido a partir dos anos 60. O problema é que são aves caras, que dificilmente se encontram no mercado. A variedade Arco-íris, do gênero Trichoglossus, é vendida ao preço de Cr$ 70 mil o casal. Já um casal de Lory do rabo Comprido (gênero Charmosina) atinge cerca de 400 mil cruzeiros.
A saúde, em cativeiro, também não é muito resistente a doenças, por isso a sua manutenção requer atenção ao criador, como exames de fezes trimestrais. Outra dificuldade é o acasalamento. Acontece que, salvo em poucas espécies, não se consegue distinguir o sexo do Lory. Usa-se, nos EUA, o método da laparoscopia, que consiste em examinar o interior do corpo da ave por meio de uma fibra ótica. Há criadores que, por uma espécie de intuição, conseguem distinguir o macho da fêmea, mas não há sinais aparentes, assegura Carlos Keller. Como deve-se manter um par em cada viveiro, o jeito é ir arriscando até que se forme um casal.
Para perceber isso, o criador deve observar a inexistência de ovos (no caso de dois machos) ou ovos em excesso (duas fêmeas) pois pelo comportamento das aves, ele nada notará. Dois Lorys do mesmo sexo agem como se fossem um casal de namorados.
Com tantos custos e cuidados, a criação é compensadora. Além das inúmeras combinações de cores, o criador pode observar o belo porte, a elegância e agilidade nos movimentos. Os Lorys voam muito nos viveiros. E, apesar de não aprenderem a falar como Papagaios, podem ser amansados a ponto de pousarem na mão do dono.

COMO CUIDAR

Média de vida: 20 anos.
Acomodações: viveiros com 2m de altura, 1,5 de largura e 4 de fundo. Apenas a metade coberta, para haver banhos de sol. A parede do fundo e metade das paredes laterais são em tijolos e cimento. Da metade para frente, tudo em tela. O chão é coberto de areia. Usa-se, embaixo da camada de areia uma tela que cobre ou placa de aço perfurada, como proteção contra a entrada de camundongos. Três são os poleiros, atravessando lado a lado do viveiro. Os dois da ponta (fundo e frente) ficam a 1,5 m de altura e o do meio a 0,5 m, para não atrapalhar o vôo da ave. Devem ser confeccionados em madeira dura e amarga, caso contrário serão roídos pelo Lory.
Alimentação: semente de girassol, alpiste, aveia, mel (puro ou com pedaços de bolo) e uma papa de frutas, tudo em potinhos separados. A papa de frutas prepara-se misturando-se frutas batidas com água, e pó de cereais e proteínas (Neston, Leite em pó, etc.). trocar a alimentação duas vezes por dia, lavar muito bem os recipientes, para que nada azede. Coloque os alimentos em lugar coberto e de forma que não sejam atingidos pelas fezes, que são bastante líquidas e ejetadas a uma distância razoável.
Banho: banheiras ou, de preferência, cocho com água corrente (que também servirá de bebedouro).
Higiene: limpar o viveiro toda semana e, uma vez por mês pulverizar o chão com um preparo de biocid para galinheiros. A cada cria, limpe o ninho e pulverize-o com SBP.
Reprodução: Época do ano: de setembro a fevereiro. Média de ovos: 2 e 3. Incubação: 25-28 dias (algumas espécies fazem duas posturas por verão). Com cerca de 60 dias os filhotes já saem do ninho voando e quinze dias depois, comem sozinhos (podem ser separados, aos casais, em viveiros próprios).
Ninho: também em madeira dura e amarga (como peroba), é um caixote com 50 cm de altura, de base quadrada (25x25). O fundo é côncavo, para que os ovos estejam sempre no centro. A abertura para a entrada da F6emea fica na parede lateral, próxima ao topo, e uma tela pregada numa das faces laterais internas servirá de escada para a subida e descida. Coloque dentro um pouco de serragem e umas lascas de madeira macia, que o casal cuidará de picar na confecção final do ninho. O caixote vai afixado na parede do fundo do viveiro, com o topo uns 30 cm abaixo do teto.
Alimentação dos filhotes: é uma dieta normal, reforçada com ovo cozido e verdura picados. Dê também a casca do ovo moída, misturada ao ovo e verdura.
Cuidados especiais: Nunca deixe casais de mesmo gênero zoológico em viveiros próximos, de forma que se vejam. Isto pode acarretar paixões cruzadas (o macho de um viveiro com a fêmea de outro) que levam a brigas fatais entre o macho e a fêmea do mesmo viveiro. Com a saúde dos bicos: usa-se manter uma cesta de alumínio com lascas de madeira macia fixa no alto do viveiro, para que os Lorys exercitem os bicos e não roam os poleiros.